O Senhor da Luz - resenha

Título Original - Lord of Light

Autor - Rober Zelazny

Nacionalidade - Norte-americano

Tradução - Ana Ban

Editora - Aleph

Gênero - Ficção Especulativa

Páginas - 408

Ano - 2025

ISBN - 9788576576587

Classificação - ⭐⭐⭐

Sinopse - "Quando um pequeno grupo passa a deter o uso de um maquinário que reencarna indivíduos com habilidades sobre-humanas, funda-se um Paraíso para poucos. Essas entidades determinam quem permanece dentro de seus muros intransponíveis, quem é digno de reencarnação e quem tem acesso às tentações dessa alta tecnologia. Uma nova era chega para ficar. 

 Apesar da força desses deuses — eles controlam o fogo, a noite, a própria morte —, seu regime milenar se vê ameaçado pelo surgimento de um opositor chamado por muitos nomes. Para esse revolucionário levar o conhecimento à humanidade, confrontos devem ser travados e alianças precisam ser firmadas. Mas seria um só homem capaz de dar início à batalha cósmica que pode levar à queda dos céus? 

 Escrito por um dos grandes nomes da ficção científica e da fantasia, com sua prosa ao mesmo tempo poética e vertiginosa, Senhor da Luz reúne em sua trama a filosofia das culturas hindu e budista e o elemento especulativo inovador dos clássicos do sci-fi."

"[...] todos os homens têm dentro de si tanto aquilo que é obscuro quanto o que é iluminado. Um homem é algo de muitas divisões, não uma chama pura e límpida como foi antes. O intelecto dele com frequência luta contra as próprias emoções, contra a própria vontade, contra os próprios desejos... Os próprios ideais entram em conflito com o ambiente que ocupa e, se ele os seguir, conhece de modo agudo a perda daquilo que era antigo, mas, se não os seguir, sente a dor de ter deixado de lado um sonho novo e nobre. Seja lá o que fizer, representa tanto ganho quanto perda, uma chegada e uma partida. Ele sempre se enluta por aquilo que se foi e teme alguma parte do que é novo. Razão se opõe a tradição. Emoções se opõem a restrições que os outros homens lhe impõem."

Deuses, mitos, lendas, demônios, elementos hindus, alta tecnologia, magia, um planeta alienígena, uma colônia humana, superpoderes, reencarnações, batalhas, BATALHAS INCRÍVEIS! Ah... uma complexidade absurda equilibrada pelo efeito calmante do budismo.

O livro é simplesmente poderoso. Zelazny oferece uma justificativa científica para demônios e deuses, usando um pouco de ciência, muita ficção literária e hinduísmo.

Publicado no ano de 1967, uma época em que muitas coisas estavam acontecendo e havia uma crescente interessante do Ocidente pela espiritualidade Oriental, muitas pessoas famosas começavam a ir para a Índia, buscando gurus hindus, budistas, estudando meditação, praticando ioga... além de tudo isso, o movimento hippie estava no auge.

É nítida a bagagem de conhecimento que o autor tinha sobre o Budismo, porque a filosofia budista encontrada no livro é genuína, o que deixa o livro extremamente rico no quesito cultural.

O protagonista e narrador em boa parte do livro tem muitos nomes, mas é mais conhecido como Sam. Ele é um tanto trapaceiro, mas provavelmente o personagem mais humano de todo o livro. Ele faz tudo o que faz, porque realmente se importa com o progresso da humanidade. Ou seja, temos aqui no conceito do herói, uma espécie de messias relutante.

É impressionante como Zelazny conseguiu fazer a reencarnação funcionar para as pessoas, explicando-a cientificamente! A imaginação do autor nos leva a regiões inexploradas, mas nos mergulha em águas tão profundas que às vezes é difícil discernir o que realmente está acontecendo.

O livro é escrito de forma excepcional, mas é extremamente complexo. Portanto, se você espera uma leitura de ficção científica fácil, ficará desapontado, definitivamente não gostará. A história salta no tempo, não há uma linha temporal única. Não há personagens claramente definidos como bons ou maus, assim como não existem pessoas apenas boas ou apenas más. Zelazny não apenas escreve ou conta algo — você precisa ler, questionar, refletir e compreender. Um livro que com certeza guardarei na minha estante e relerei.

Beijos, um ótimo voo a todos e até a próxima!