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  • Foto do escritorKelly Rossi

O gigante enterrado - Resenha

Atualizado: 26 de fev. de 2020


Título - O gigante enterrado Título original - The buried giant Autor - Kazuo Ishiguro Tradução - Sônia Moreira Editora - Companhia das Letras Local - São Paulo, 2015 - 1ª ed. ISBN - 9788535925975 Classificação - ⭐⭐⭐⭐




Sinopse -

"Há uma viagem que precisamos fazer, e não podemos mais adiá-la...

Num tempo em que mito e história são duas faces da mesma moeda, a Grã-Bretanha está em ruínas, marcada pelas recentes guerras entre bretões e saxões e pela queda do rei Arthur. A população, órfã e desnorteada, vê-se exposta às mais diversas ameaças, de invasões de ogros a uma misteriosa névoa que afunda o passado no esquecimento.

Quando Axl e Beatrice decidem partir em busca de seu filho, não se lembram de suas feições, da última vez em que o viram, e nem mesmo sabem ao certo seu paradeiro. Durante o percurso, o casal de idosos encontrará sir Gawain e outros cavaleiros remanescentes da era arturiana, se engajará na busca de uma dragoa que parece estar ligada a névoa e terá seu amor posto à prova - afinal, será que o afeto continua forte o bastante quando já se podem rememorar as alegrias e agruras que compartilhamos ao longo dos anos?"


Kazuo Ishiguro é autor de outros sete livros, entre eles "Os resíduos do dia" e "Não me abandone jamais", ambos com aplaudidas adaptações para o cinema.


Este foi o primeiro livro de Kazuo que tive a oportunidade de ler, então infelizmente não tenho como comparar a escrita do autor com suas obras anteriores! Ao ler "O gigante enterrado", concluí que a história é envolvente e desperta nossa curiosidade, porém, na minha opinião, alguns pontos ficam sem explicação e o desfecho final deixa a desejar.


Os temas principais abordados no livro são: amor, guerra, morte e memória. Tudo isso enredado por fantasias e mitos.


Axl e Beatrice, um casal de idosos, moram em uma aldeia na Grã-Bretanha em uma época onde vivem ogros e muitas outras criaturas monstruosas. Toda a região é coberta por uma névoa misteriosa que os fazem perder a memória. Axl e Beatrice têm a impressão que quanto mais nova é a pessoa, mais a névoa a atinge. E as lembranças perdidas não são apenas antigas, mas por vezes se esquecem de coisas que acabaram de acontecer!


Mesmo com os acontecimentos inexplicáveis, Axl e Beatrice resolvem sair em uma viagem a procura do filho perdido, mesmo que nenhum dos dois tenha qualquer lembrança de suas feições ou saibam qual caminho seguir.


Apesar da idade avançada, Axl e Beatrice começam sua jornada acreditando que quando se afastarem da névoa, suas memórias irão voltar e conseguirão encontrar a aldeia de seu filho, que eles confiam piamente que está ansioso pela chegada dos pais.

Em uma das paradas, o casal encontra Wistan, um bravo guerreiro que salvou uma aldeia vizinha e resgatou Edwin, um jovem saxão, das garras de ogros selvagens. O jovem Edwin foi supostamente mordido por demônios e seria executado em sua aldeia se não fosse pela interferência do guerreiro Wistan e o bondoso casal de anciãos. Daí por diante os quatro seguem viagem juntos.


Conforme os caminhos são percorridos e os novos amigos se conhecem, segredos são revelados! O guerreiro Wistan é um viajante saxão com uma missão muito importante, que só foi revelada quando se depararam com sir Gawain, bretão e cavaleiro do rei Arthur. Sir Gawain já carrega o peso de sua idade, porém é muito astuto e rapidamente percebe que o guerreiro Wistan é um enviado do rei saxão para matar a dragoa Querig e instigar o ódio e desejo de vingança entre os povos saxões e bretões que vivem em paz há um bom tempo.


Querig é uma dragoa feroz e inteligente que fora enfeitiçada por Merlim, portanto, o hálito de Querig é o responsável pelo sumiço das lembranças de todos. Se a dragoa for morta, as memórias que viriam à tona seriam suficientes para devastar as aldeias, saxões lembrariam da chacina que sofreram nas mãos dos bretões. O sangue de muitos inocentes saxões foram derramados, incluindo bebês, crianças, mulheres e idosos, e assim que a névoa das baforadas de Querig se dissipassem, a vingança começaria. Por este motivo sir Gawain é um protetor da dragoa e lutaria bravamente com quem quer que fosse para protegê-la.


Wistan mantinha Edwin ao seu lado por dois motivos, primeiro para ensiná-lo a ser um guerreiro como ele, e segundo para encontrar a toca de Querig, pois a mordida que o menino levara era de um dragão e isso misteriosamente atraia outros dragões.


Axl e Beatrice só queriam encontrar a aldeia de seu filho querido, mas foi impossível não se envolverem.


A toca de Querig ficava próxima do túmulo do gigante. E todos se perguntavam o que aconteceria se a dragoa morresse e parasse de roubar as lembranças de todos. Seria bom ou ruim?? Será que não é melhor que algumas memórias permaneçam encobertas? Afinal, as recordações podem ser boas e maravilhosas, mas também podem ser ruins e devastadoras.


Será que o amor de Axl e Beatrice suportará a verdade que as memórias os revelará?


Kazuo tenta causar no leitor o mesmo efeito que a névoa causa nos personagens, pois em várias passagens do livro ele a repete de duas a três vezes. Parece engraçado, mas em alguns momentos eu me peguei pensando se realmente já tinha lido aquilo. Acredito que ele tenha feito de propósito, porque assim que eu percebi as repetições cessaram... rs.


Fiquei um pouco confusa quando os personagens descobrem que a toca da Querig fica do lado do gigante enterrado. Minha confusão se dá, porque logo no começo do livro, quando Axl e Beatrice começam sua viagem e estão passando pela Grande Planície, eles desviam o caminho para não passar por cima do gigante enterrado, pois poderia trazer má sorte. Porém, já no fim do livro, depois de dias de caminhada eles estão perto da... toca da Querig!! Estranho, não? Kazuo explica o segundo túmulo do gigante, como uma simbologia, "...é possível que o túmulo do gigante tenha sido erigido para marcar o lugar onde muito tempo atrás se deu uma tragédia desse tipo, em que jovens inocentes foram chacinados na guerra...". Porém, ele não o distingue do primeiro.


Na minha opinião também faltou explicar o porquê dos idosos estarem em uma aldeia onde aparentemente não eram bem vindos. Por que retiraram a vela de Axl e Beatrice e os deixaram no escuro por várias noites? Quais poderes os barqueiros tinham para identificar um amor verdadeiro? Como uma dragoa tão feroz e inteligente pode ser aniquilada tão facilmente?


A dúvida do final é intrigante. O amor não foi capaz de superar a lembrança da culpa da morte? Será que desistiram um do outro?


Eu fiquei na dúvida! E vocês? Enfim, espero que gostem da leitura...

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