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Foto do escritorKelly Rossi

O Falecido Mattia Pascal - resenha


Título Original - Il fu Mattia Pascal

Autor - Luigi Pirandello

Nacionalidade - Italiano

Tradução - Silvia Massimini Felix

Editora - Unesp

Gênero - Romance

Páginas - 270

Ano - 2020

ISBN - 9788539308316

Classificação - ⭐⭐⭐⭐⭐


Sinopse - "O que alguém faria se tivesse a chance de nascer de novo, de ser quem quisesse? Neste livro, o leitor acompanhará a trajetória do protagonista em meio ao embate entre identidade e sociedade, passado e possibilidades de futuro. A narrativa, que flutua com elegância da melancolia ao humor, questiona a hipocrisia em que a sociedade muitas vezes enclausura os seres."


VOCÊ JÁ QUIS PARAR SUA VIDA E SE TORNAR OUTRA PESSOA?


Mas como funcionaria essa vida sendo outra pessoa? Todas as implicações sobre a identidade individual e suas mudanças estão trabalhadas nesse clássico de Pirandello: "O falecido Mattia Pascal"


"DE ACORDO COM A DISPOSIÇÃO NATURAL DO MEU ESPÍRITO, QUE SE UM ROUXINOL DOA AS PENAS DA CAUDA, ELE PODE DIZER: AINDA TENHO O DOM DA MÚSICA; MAS SE UM PAVÃO DÁ AS PENAS DA SUA CAUDA, O QUE LHE RESTA?"


O humorismo pirandelliano (criado pelo autor) é único. Ele consegue separar o cômico, aquilo que nos faz rir, do humor, que também é engraçado, mas nos provoca reflexões. Aqui, a melancolia e o riso andam sempre de mãos dadas.


"NÓS SEMPRE TEMOS NECESSIDADE DE CULPAR ALGUÉM POR NOSSOS DRAMAS E MISÉRIAS."


Em "O falecido Mattia Pascal", a temática da identidade, vai além das aparências. O autor trabalha os contraditórios para instigar os leitores e criar uma narrativa provocante com fatores psicológicos e existenciais.


Esses antogonismos podem ser percebidos nas construções das personagens, nas cenas e até nas temáticas como um todo. O exemplo mais forte nesse livro é a vida-morte, uma não existiria sem a outra. Como se tudo só existisse em virtude dos opostos. Em muitas passagens, nosso protagonista, Mattia, está vivo, mas evidentemente morto por fora e por dentro, e o contrário também é verdadeiro nas mesmas cenas. Parece complicado falando assim, mas tudo é muito bem equilibrado na narrativa: reflexões existenciais com diálogos engraçados.


"OH, POR QUE OS HOMENS [...] SE ESFORÇAM PARA TORNAR O MECANISMO DA SUA VIDA CADA VEZ MAIS COMPLICADO? POR QUE TODO ESSE ESTUPOR DE MÁQUINAS? E O QUE O HOMEM FARÁ QUANDO AS MÁQUINAS FIZEREM TUDO? SERÁ QUE ELE ENTÃO PERCEBERÁ QUE O CHAMADO PROGRESSO NÃO TEM NADA A VER COM FELICIDADE? DE TODAS AS INVENÇÕES COM AS QUAIS A CIÊNCIA ACREDITA HONESTAMENTE ENRIQUECER A HUMANIDADE (E ACABA EMPOBRECENDO-A, POIS SÃO TÃO CARAS), QUE ALEGRIA SENTIMOS DEPOIS DE TUDO, MESMO QUANDO AS ADMIRAMOS?"


A história tem muitas camadas entre aparências e introspecções, onde as mentiras criam uma barreira, uma verdadeira prisão. Não é possível fugir do seu verdadeiro eu nem do seu passado, mas é possível se transformar. Mas até que ponto essa transformação baseada em mentiras se sustenta?


"DIZEM QUE UMA COISA É UM ÚNICO HOMEM, E OUTRA É A HUMANIDADE. O INDIVÍDUO ACABA, A ESPÉCIE CONTINUA SUA EVOLUÇÃO. QUE BELA MANEIRA DE PENSAR! VEJA SÓ! COMO SE A HUMANIDADE NÃO FOSSE EU, NÃO FOSSE O SENHOR E, UM POR UM, TODOS. E CADA UM DE NÓS NÃO SENTE A MESMA COISA, ISTO É, QUE SERIA A COISA MAIS ABSURDA E MAIS ATROZ SE TUDO TERMINASSE AQUI, NESTE SOPRO MISERÁVEL QUE É NOSSA VIDA TERRENA. [...] MAS E SE UM DIA A HUMANIDADE TAMBÉM ACABAR? PENSE UM POUCO: E TODA ESSA VIDA, TODO ESSE PROGRESSO, TODA ESSA EVOLUÇÃO, PARA QUE TERIAM EXISTIDO? PARA NADA? NO ENTANTO O NADA, O PURO NADA, DIZEM QUE NÃO EXISTE..."


Não vou falar nada sobre a história em si, porque o mais gostoso dessa leitura são as descobertas que você vai fazer junto com o Mattia Pascal.


"E MUITAS VEZES NOS ESQUECEMOS DE QUE SOMOS ÁTOMOS INFINITESIMAIS QUE DEVEM RESPEITAR E ADMIRAR UNS AOS OUTROS, E ENTÃO SOMOS CAPAZES DE LUTAR ENTRE NÓS POR UM PEQUENO PEDAÇO DE TERRA OU RECLAMAR DE CERTAS COISAS QUE, SE TIVÉSSEMOS REALMENTE NOÇÃO DAQUILO QUE SOMOS, DEVERIAM NOS PARECER MESQUINHARIAS INCALCULÁVEIS."


Pirandello recebeu o Nobel de Literatura em 1934. Eu fiquei encantada com sua escrita e desejosa em conhecer outras de suas obras.


"PUDE COMPROVAR QUE O HOMEM, QUANDO SOFRE, FAZ UMA IDEIA PARTICULAR DO BEM E DO MAL, OU SEJA, DO BEM QUE OUTROS DEVERIAM LHE FAZER E DO QUAL ELE SE ACHA MERECEDOR, COMO SE POR CAUSA DE SEUS SOFRIMENTOS ELE TIVESSE DIREITO A UMA COMPENSAÇÃO; E DO MAL QUE ELE PODE FAZER AOS OUTROS, COMO SE FOSSE AUTORIZADO POR SEUS SOFRIMENTOS. E, SE OS OUTROS NÃO LHE FIZEREM O BEM, QUASE POR DEVER, ELE OS ACUSA; E POR TODO O MAL QUE FAZ, QUASE POR DIREITO, PEDE DESCULPAS FACILMENTE."


Você já conhecia esse autor italiano? Ficou curioso com essa leitura? Espero vocês nos comentários!


Beijos, um ótimo voo a todos e até a próxima!❤📚


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