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  • Foto do escritorKelly Rossi

O construtor de pontes - Resenha

Atualizado: 26 de fev. de 2020


Título - O construtor de pontes Autor - Markus Zusak Tradução - Stephanie Fernandes e Thaís Paiva Editora - Intrínsica Local - Rio de Janeiro, 2018 Páginas - 528 ISBN - 978-85-510-0398-5 Classificação - ⭐⭐⭐⭐⭐










Sinopse


"Assim como os épicos de Homero, a história da família Dunbar é marcada por beleza, tragédia e brutalidade. Uma saga construída na desordem, com sangue, socos, chegadas e partidas, em que o tempo é senhor absoluto: tanto protagonista quanto motor da narrativa. No cerne de tudo está Clay, que, aos dezesseis anos, passa os dias correndo pelos terrenos abandonados do bairro. Ninguém sabe ao certo por que faz isso. Nem ele próprio. A resposta parece chegar num dia quente e abafado de verão, às seis da tarde, com um estranho, uma ruína ambulante trajando um terno. Após anos fora de casa, depois de ter abandonado os cinco filhos e os lançado num mar de desesamparo, barbárie e solidão, o patriarca retorna com um pedido inusitado: quer ajuda para construir uma ponte. Escorraçado pelos jovens e por Aquiles, a mula teimosa e insolente da família, o homem deixa seu endereço num pedaço de papel. Há entre eles, porém, um traidor. O quarto garoto Dunbar. Clay. É ele quem parte para a cidade do pai, e os dois, juntos, por dias e noites, se dedicam ao projeto mais ambicioso e grandioso de suas vidas até então. Nada menos que um milagre. A ponte de Clay não é apenas de pedras, mas também de lembranças - lembranças da mãe, uma pianista amorosa e atrevida, a impecável rainha dos erros que desafiava a morte; do pai, de olhos cor de mar e barriga de concreto, um homem cuja alma se combaliu; dos irmãos, cada um despedaçado à sua maneira; e dele mesmo, do garoto que foi um dia, antes de tudo mudar. O tempo, assim como o rio sob a ponte, tem uma força avassaladora, capaz de destruir, mas também de conciliar. Basta que alguém se disponha a desafiar a correnteza."



Markus Zusak, o mesmo escritor do livro "A menina que roubava livros". Já deixo um alerta: caso você não tenha gostado do primeiro best-seller do autor, provavelmente acontecerá o mesmo com "O construtor de pontes".

Eu li "A menina que roubava livros" em 2008, bem antes de lançarem o filme. Foi amor a primeira lida! Em 2009, também li "Eu sou o mensageiro". Sou fã de Zusak e aguardei ansiosamente pelo próximo lançamento, o que aconteceu apenas este ano.


A escrita peculiar do autor é demarcada ao extremo em "O construtor de pontes". Frases curtas e truncadas. Demorei a pegar o ritmo (talvez pelos anos sem contato com sua escrita). Sabe aquele início pesado de um livro?? Mas sabia que valeria a pena e assim que voltei a me acostumar com seu estilo literário, a leitura fluiu. Percebi que a escrita mais truncada e direta estava marcando a personalidade do narrador, que aqui, diferente de ser a Morte (como era em "A menina que roubava livros"), é um dos garotos Dunbar. Especificamente, o irmão mais velho.


Apesar das frases cortadas e sem desvios, encontramos passagens lindas, melodiosas, dignas de um bom romance. Sem falar nas citações dos livros: "Odisseia", "Ilíada" e "O marmoreiro". Conforme a história desenrola, Matthew, o narrador, vai amolecendo, o que é perceptível através da escrita de Zusak.


Avisar de antemão os acontecimentos trágicos para o leitor é outra característica marcante do escritor. Em "O construtor de pontes", o narrador chega a dialogar conosco em vários momentos! Adoro isso!😍


Todos os personagens são bem construídos e têm participações fundamentais na trama, até mesmo os secundários. A maioria deles adora ler, a importância da leitura e dos livros é acentuada a todo momento.


"-Promete pra mim que vai continuar lendo - pediu ela, engolindo em seco, feito um maquinário pesado. - Promete pra mim, meu filho, promete?"

Bom, vamos falar um pouquinho da história agora...


Cinco irmãos tentam sobreviver sozinhos depois de perder a mãe (Penélope) e serem abandonados pelo pai (Michael). A vida dos irmãos Dunbar (Matthew, Rory, Henry, Clay e Thommy) é uma loucura, cada um  tentando superar os problemas a sua maneira.  Animais de estimação povoam a casa e são motivos de brigas constantes, mesmo não precisando de motivos para se engalfinharem. Apesar da implicância, os garotos amam os animais. A mula Aquiles, a cachorra Aurora, o gato Heitor, o pombo Telêmaco e o peixe-dourado Agamenon eram, de certa forma, usados como consolo diante de tamanha solidão.

Matthew, o garoto Dunbar mais velho, relata toda a história desde a infância de seus pais. O passado se mistura com o presente e vai se encaixando a cada capítulo.  Clay é o quarto irmão Dunbar e nosso protagonista. Apaixonado pela vizinha Carey, Clay é o irmão mais sensível, amoroso, quieto e observador. Desde pequeno, interessado nas histórias dos pais. É o único garoto Dunbar a aceitar o convite que Michael faz aos garotos, depois de anos de abandono: construir uma ponte. E é assim que a história vai se desenrolando. Uma ponte construída de memórias, de dor, de alma. Como disse Carey, uma ponte construída de Clay!


"Querido Clay,


Quando você estiver lendo isto, já teremos conversado... mas eu só queria dizer que sei que você vai partir muito em breve e que eu vou sentir saudade. Já estou com saudade.

Matthew me contou sobre um lugar remoto e uma ponte que você talvez vá construir. Tento imaginar do que essa ponte será feita, mas no fim das contas acho que isso não fará diferença. Queria poder levar crédito pela frase, mas sei que você vai se lembrar dela, do texto de orelha de O marmoreiro:

"tudo que ele construiu na vida era feito não apenas de bronze ou de mármore ou de tinta, mas dele... e de tudo que havia dentro dele."

Tenho certeza de uma coisa:

Essa ponte vai ser feita de você.

...

Com amor,

Carey "



O convívio entre os irmãos Dunbar não é fácil, mas o companheirismo, a preocupação, o cuidado que um tem pelo outro... aquele amor de farpas e beijos, que só quem tem irmão conhece, é irradiado pelo livro.


Acompanhar a trajetória de Penelope (mãe dos garotos Dunbar) é com certeza a parte mais emocionante da história. Ela é, sem dúvida, minha personagem favorita, por sua delicadeza, bondade, determinação e força. Uma força descomunal em uma mulher tão frágil, tão talentosa... tudo por amor... amor aos filhos... amor ao marido... amor pela história... e principalmente, amor pela vida! Torci e chorei por ela! Mais uma obra magnífica do autor! Ps. os elementos da foto estão presentes no livro e você descobrirá a importância de um deles no final!😉 Beijos, um ótimo voo a todos e até a próxima!💖

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