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  • Foto do escritorKelly Rossi

Ensaio sobre a cegueira - resenha


Autor - José Saramago

Revisores - Huendel Viana e Ana Maria Barbosa

Editora - Companhia das Letras

Edição Especial

Gênero - Romance

Páginas - 430

Ano - 2022

ISBN - 9786559211883

Classificação - ⭐⭐⭐⭐⭐


Sinopse - "Publicado pela primeira vez em 1995, Ensaio sobre a cegueira é uma verdadeira viagem às trevas da humanidade. Neste clássico moderno da literatura em língua portuguesa, o leitor é dragado para um cenário devastador, onde uma “treva branca” passa a assolar a sociedade, espalhando-se incontrolavelmente. Toda a população deixa de enxergar, exceto por uma mulher, que se passa por cega para acompanhar o marido na quarentena compulsória a que todos foram submetidos. Presos à nova realidade, os cegos se descobrem reduzidos à essência humana. No ano em que se celebra o centenário de nascimento do autor, vencedor do prêmio Nobel de literatura em 1998, a Companhia das Letras lança uma edição especial, em capa dura, com projeto gráfico de Raul Loureiro e obra de William Kentridge na capa, além de prefácio inédito de Julián Fuks e fortuna crítica com textos de Leyla Perrone-Moisés, Marco Lucchesi e Maria Alzira Seixo. Os leitores também terão acesso aos trechos de Cadernos de Lanzarote em que Saramago trata do processo de escrita da obra, selecionados e organizados por Graciela Margarita Castañeda e Pedro Fernandes de Oliveira Neto."



Imagine que você está vivendo o seu dia normalmente; nada fora da rotina. Quando de repente, você fica completamente cego. Sem saber o que aconteceu, você vai até seu médico de confiança para resolver o problema, mas o médico não sabe o que tem de errado com você. E sua esperança diminui quando seu médico também fica cego. Mas não apenas ele, todos com quem você entrou em contato estão experimentando a mesma cegueira repentina. A doença se espalha e se instala em poucas horas... essa cegueira branca, diferente da cegueira comum, faz com que as pessoas enxerguem tudo branco, como se estivessem envolta em um mar de leite. E o pior de tudo, essa cegueira é contagiosa. Lidamos aqui com uma epidemia de cegueira.



"Mergulhado numa brancura tão luminosa, tão total, que devorava, mais do que absorvia, não só as cores, mas as próprias coisas e seres, tornando-os, por essa maneira, duplamente invisíveis."

Apesar de poder olhar para "Ensaio sobre a cegueira" como se fosse uma distopia. Saramago usa a verossimilhança de maneira tão genial que tudo fica muito real e o choque ao ler várias passagens é gigante.


"Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos."


Esse não é um livro que posso indicar para qualquer pessoa. Tem gatilhos de violência e abuso sexual. E se você não tiver estômago forte, eu também não aconselho que leia de barriga cheia, porque a chance de botar tudo para fora é grande. Saramago trata nesse livro sobre questões humanas de um jeito muito cru. De longe, esse tem um dos capítulos mais difícieis que eu já li até hoje, saí dele devastada e precisei de alguns dias para respirar e conseguir voltar para a leitura.

"Todos temos os nossos momentos de fraqueza, ainda o que nos vale é sermos capazes de chorar, o choro muitas vezes é uma salvação, há ocasiões em que morreríamos se não chorássemos."

Temos aqui no livro, uma mulher que não é atingida pela doença, ela é a protagonista e uma personagem admirável. Ela não é perfeita, tem toda sua complexidade, mas é aquela personagem real que a gente tanto ama esbarrar nos livros, e é através dela que recebemos uma das mensagens que, para mim, foi a mais marcante em toda história: a empatia.



"Nunca se pode saber de antemão de que são capazes as pessoas, é preciso esperar, dar tempo ao tempo, o tempo é que manda, o tempo é o parceiro que está a jogar do outro lado da mesa, e tem na mão todas as cartas do baralho, a nós compete-nos inventar os encartes com a vida..."


Um elemento importante na obra é a falta de nomes das personagens, todas são identificadas por algum fato ou característica, por exemplo: a rapariga dos óculos escuros, o menino estrábico, a mulher do médico, e assim por diante...


Essa ausência de nomeação simboliza a desumanização que atingiu cada uma dessas personagens durante a epidemia. A situação deplorável em que são obrigados a viver, traz a tona o instinto primitivo e de sobreviência que mostram o lado mais feio desses personagens.


Esse é um livro duríssimo que pode nos roubar o alento e a sanidade, mas também é um livro que faz chorar e enternecer. E estranhamente, por toda a desumanidade revelada, ele seja tão humano e trabalhe tanto nossa empatia.


"Penso que não cegamos, penso que estamos cegos, Cegos que veem, Cegos que, vendo, não veem."


Que esse livro ainda possa salvar muitos dessa cegueira moderna que vivemos. Essa em que enxergamos perfeitamente, mas não vemos... não de verdade, não o que precisamos ver. Cegos atrás de computadores e celulares, que perdem de ver a vida.



Beijos, um ótimo voo a todos e até a próxima!📚❤




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