
Autora - Conceição Evaristo
Nacionalidade - Brasileira
Editora - Pallas
Gênero - Romance
Páginas - 136
Ano - 2024
ISBN - 9786556020884
Sinopse - "Trata-se de um mosaico afetuoso de experiências negras, um canto amoroso e dolorido. Na figura do personagem Fio Jasmim, Conceição discute com maestria as contradições e complexidades em torno da masculinidade de homens negros e os efeitos nas relações com as mulheres negras. O livro é um mergulho na poética da escrevivência e ao mesmo tempo um tributo ao amor sob uma ótica poucas vezes vista na literatura brasileira."
"Todas nós estamos sós, mas a nossa confraria não nos deixa sentirmos sozinhas. Somos e estamos umas com as outras. E, quando o vazio no peito nos atormenta, não nos entregamos ao desespero, compartilhamos a dor ancestral que existe em cada uma de nós."
Conceição Evaristo nos brinda mais uma vez com sua bela escrevivência. A oralidade da escrita em "Canção..." nos embala pelas histórias de diversas mulheres que estão ligadas por um único fio, Fio esse que tem até sobrenome: Jasmim. Uma denominação perfumada para quem não é lá flor que se cheire.
Fio Jasmim é pintado como nosso protagonista através das vozes de todas as mulheres que corporificam a obra, é, praticamente, apenas por essas mulheres que temos acesso a essa e outras figuras masculinas do livro.
Evaristo se personifica como narradora ficcional para recontar desabafos reais que escutou ao longo da vida, suas percepções, sentimentos... ou seja, sua vivência através de mulheres, em sua maioria negras, que são construídas na narrativa a partir de suas subjetividades.
"Seria a dor algo que se pode dividir, assim como se reparte a alegria?"
É mergulhando no mundo interno de Juventina, Angelina, Aurora, Pérola, Antonieta, Dolores, Dalva e Eleonora que alcançamos um homem negro, nascido e criado dentro de uma sociedade machista e racista.
Ler a história de todas essas mulheres com Fio Jasmim não é fácil, causa engulhos no leitor. Mas a prosa poética da autora é um bálsamo e nos guia para além da visão de "pegador mulherengo" da personagem central da história. É possível vislumbrar a fragilidade que molda Fio Jasmim, e todo o vazio que ele tenta em vão preencher conquistando mulheres.
"Canção para ninar menino grande" mostra que estamos imersos em um machismo estrutural que só devasta nossa sociedade, e não só as mulheres são prejudicadas, mas também os homens. Percebam que não quero vitimizar homem nenhum aqui, apenas frisar que o machismo só causa o mal para todos, inclusive para os próprios homens, pois acaba sendo um aprisionamento também para eles, uma vez que é impossível estarem plenos em suas relações quando o alicerce de tudo ainda é o machismo.
Leiam Conceição Evaristo e descubram uma literatura brasileira que só ela sabe entregar!
"Nós, às vezes, nos embrenhamos de tal forma nas recordações do passado, que o já acontecido se levanta das vias da memória e se corporifica no presente."
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