Caderno Proibido - resenha
- Kelly Rossi
- há 2 dias
- 2 min de leitura

Título Original - Quaderno proibito
Autora - Alba Céspedes
Nacionalidade - Italiana
Tradução - Joana Angélica d'Ávila Melo
Editora - Companhia das Letras
Gênero - Romance
Páginas - 288
Ano - 2022
ISBN - 9786559212194
Classificação - ⭐⭐⭐⭐
Sinopse - "Valeria Cossati queria apenas buscar cigarros para o marido na tabacaria, mas acaba comprando ilegalmente um caderno preto ― um item que não poderia ser comercializado aos domingos ―, e faz dele seu diário. Estamos na Roma dos anos 1950, e Valeria leva a vida entediante de uma mulher de classe média, dividindo-se entre os papéis de mãe, esposa e funcionária de escritório. Há anos ela não ouve o próprio nome ― o marido só a chama de “mamãe” ―, e sua relação com os filhos é marcada por conflitos geracionais. Porém, conforme alimenta aquelas páginas proibidas, Valeria começa a notar uma profunda transformação em si mesma ― cujas consequências ela ainda não sabe prever.
Alba de Céspedes foi uma das grandes autoras de língua italiana do século XX, com uma obra que se destaca pela profundidade das personagens femininas. Em Caderno proibido, a autora demonstra todo seu talento ao retratar a intimidade de uma mulher comum e as mudanças da sociedade italiana no pós-guerra."
Este livro é um retrato profundo e realista do que a feminilidade significou por tanto tempo, com ideais que, em muitos níveis, ainda perduram hoje.
Com a ajuda de seu diário, ela tenta encontrar sua própria voz. Só depois que começou a escrever sobre seus dias é que Valeria começou a notar falhas neles. Ela coloca seus pensamentos em palavras e encontra sua própria voz através delas. Apesar de ser um romance, a narrativa lembra muito as autoficções de Ernaux e as relações entre mãe-filha que os livros da Ferrante nos trazem.
Em "Caderno Proibido", nós temos um diário de uma mulher na Itália logo após a guerra. A vida familiar, e especialmente o papel das mulheres nela, dissecado até a medula. Há muito o que refletir... Um belo livro de 1952 sobre uma mulher de 43 anos que descobre que nunca teve um momento só para si nos últimos vinte anos de sua vida. Parafraseando Virginia Woolf, ela não tinha "um quarto só para ela". Em um diário, que esconde em um lugar diferente a cada dia, ela escreve seus pensamentos e sentimentos pela primeira vez. Muitas vezes, no meio da noite, o único momento em que consegue ficar sozinha.
Torci muito por Valeria durante minha leitura. Em alguns momentos da leitura acabei ficando um pouco entediada e o final me deixou irritada, até eu parar para refletir e entender que não tinha outro desfecho para Valeria. "Caderno Proibido" é um livro com menos de 300 páginas, mas uma história que fica e caminha conosco depois que terminamos a leitura.
Que os silêncios de Valeria reverberem em todas nós, mulheres.
Agora me contem, já leram "Caderno Proibido"? Vocês têm o costume de manter um diário?
Beijos, um ótimo voo e até a próxima!