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Anna Kariênina - resenha


Título Original - Анна Каренина

Autor - Liev Tolstói

Nacionalidade - Russo

Tradução - Rubens Figueiredo

Editora - Companhia das Letras

Gênero - Romance Histórico

Páginas - 840

Ano - 2017

ISBN - 9788535929225

Classificação - ⭐⭐⭐⭐⭐💘


Sinopse - “Toda a diversidade, todo o encanto, toda a beleza da vida é feita de sombra e de luz”, escreve Liev Tolstói no romance que Fiódor Dostoiévski definiu como “impecável”. Publicado originalmente em forma de fascículos entre 1875 e 1877, antes de finalmente ganhar corpo de livro em 1877, Anna Kariênina continua a causar espanto. Como pode uma obra de arte se parecer tanto com a vida? Com absoluta maestria, Tolstói conduz o leitor por um salão repleto de música, perfumes, vestidos de renda, num ambiente de imagens vívidas e quase palpáveis que têm como pano de fundo a Rússia czarista. Nessa galeria de personagens excessivamente humanos, ninguém está inteiramente a salvo de julgamento: não há heróis, tampouco fracassados, e sim pessoas complexas, ambíguas, que não se restringem a fórmulas prontas. Religião, família, política e classe social são postas à prova no trágico percurso traçado por uma aristocrata casada que, ao se envolver em um caso extraconjugal, experimenta as virtudes e as agruras de um amor profundamente conflituoso, “feito de sombra e de luz”.



Depois de "A morte de Ivan Ilitch", "Padre Sérgio" e "Guerra e Paz", eu não achei que fosse me apaixonar ainda mais pela escrita do Tolstói. Mas eu estava completamente enganada. "Anna Kariênina" é um acontecimento! Uma obra prima fascinante que me deixou impressionada inúmeras vezes. Se eu não soubesse quem era o autor, eu chutaria de olhos fechados que "Anna K." tinha sido escrito por uma mulher, tamanha é a sensibilidade na narrativa.


Foram 2 meses de leitura e fiquei viciada em "Anna K." desde o início, quando percebi que Tolstói estava retratando de forma brilhante os pensamentos e motivações das personagens em toda a sua verdade contraditória e complexa. No entanto, a genialidade do autor não está apenas na caracterização, embora ele seja um mestre nessa arte. Sua narrativa invoca uma paixão arrebatadora. Algumas passagens do livro me tiraram o fôlego, porque percebi que o que estava lendo era puro sentimento. E não são apenas sentimentos bons, isso que é o mais incrível, a mistura de sensações durante a leitura é inacreditável, em uma página eu estava detestando determinada personagem, na outra eu estava amando. O realismo na criação de cada personagem é tão impressionante que chega a sufocar.


Eu entendo perfeitamente quem não gosta da protagonista Anna, mas em momento nenhum eu consegui odiá-la, assim como todas as outras personagens no livro. Anna está longe de ser perfeita, mas sua força e determinação pra correr atrás de seus ideais e lutar contra os paradigmas da época me arrebataram.

Eu também amei o mergulho profundo na política e na agricultura que me permitiu imaginar com mais clareza os problemas que eles enfrentavam. Assim como também fiquei encantada com as cenas filosóficas do Liévin, que iam de encontro com o clima e natureza do momento.


Esse é um livro para ser saboreado, e muitas vezes somos forçados a desacelerar e pensar sobre a vida cotidiana das personagens, enquanto elas navegam em mares turbulentos, que são seus relacionamentos.


Sempre que lia um capítulo em que Liévin estava absorto no trabalho braçal da fazenda ao lado dos mujiques, eu me sentia engolida pelo tempo e nada era mais importante do que continuar lendo. Claro, que o livro é sobre Anna e Vrónski e Liévin e Kitty e Dolly e Stiepan Arcáditch, entre outros. É sobre amor, namoro, amizade, orgulho, vergonha, ciúme, traição, perdão, maternidade, luto e sobre a variedade instável de felicidade e infelicidade. Mas também se trata do trabalho pesado no campo, discutir política, caçar, trabalhar como burocrata, criar filhos e lidar educadamente com companhias tediosas. Para ser mais precisa, trata-se da maneira como a alma humana envolve cada uma dessas experiências e tenta entender a si mesma, o mundo ao seu redor e as outras almas que o habitam. Esse livro mostra que os seres humanos são infinitamente interessantes e infinitamente dignos de compaixão. Tolstói leva seus personagens tão a sério, que reconhece que eles têm vidas espirituais tão sutis e misteriosas quanto suas vidas intelectuais e suas vidas românticas. Eu sabia que essa leitura seria gigante, mas não imaginava a dimensão de sua marca em minha vida.💘


Se você ainda não leu, torço para que tenha oportunidade de se entregar à "Anna Kariênina" algum dia.

Deixo aqui alguns trechos, espero que vocês gostem!


"Todas as famílias felizes se parecem, cada família infeliz é infeliz à sua maneira."


"A própria noção da existência, a mais fundamental de todas, não me foi transmitida por via das sensações, porquanto não há um órgão especial para perceber essa noção."


"É horrível que nós, velhos, já com um passado... não de amor, mas de pecados... de repente nos aproximemos de uma criatura pura, inocente; é abominável e por isso é impossível não se sentir indigno."


"Um amor, só certas pessoas compreendem; o outro, as demais. E aquelas que só compreendem o amor não platônico não têm motivo para falar em drama. Nesse amor, não pode haver drama algum. "Agradeço imensamente pelo prazer, com os meus respeitos", e todo o drama não passa disso. No caso do amor platônico, não pode haver drama porque, nesse amor, tudo é claro e puro, porque..."


"A senhora é uma dessas mulheres encantadoras com quem é tão prazeroso conversar quanto estar em silêncio."


"É um absurdo achar que a vida não permitirá, que o passado não permitirá. É preciso lutar para viver melhor, e muitíssimo melhor..."


"Se há tantas cabeças quantas são as maneiras de pensar, há de haver tantos tipos de amor quantos são os corações."


"Amor... Não gosto dessa palavra porque, para mim, tem um significado enorme, muito maior do que o senhor pode imaginar."


"Mulher é um tema de tal ordem que, por mais que você o estude, sempre se apresenta como algo totalmente novo."


"Não fazem a menor ideia do que é a felicidade, ignoram que sem esse amor não existe, para nós, nem felicidade, nem infelicidade."



"Experimentou a infelicidade mais penosa que existe, uma infelicidade irremediável, cujo culpado era ele mesmo."


"Penso que, apesar de tudo, o motor de todas as nossas ações é a felicidade pessoal."


"Qualquer coisa é melhor do que a mentira e o engano."


"Quando você compreende que vai morrer qualquer dia desses e não vai restar nada, tudo se torna insignificante! Eu considero muito importantes as minhas ideias, mas, ainda que se concretizassem, elas me parecem tão insignificantes quanto dar uma volta ao redor desta ursa. Assim, a gente vai passando a vida, se distrai com a caça, com o trabalho, só para não pensar na morte."


"Amai aqueles que vos odeiam, mas amar aqueles a quem odiamos é impossível."



"No casamento, o principal é o amor e que, com amor, sempre haverá felicidade, porque a felicidade só existe no interior da própria pessoa."


"E lhe veio o pensamento de como era injusto dizer que a maldição lançada sobre a mulher eram os suplícios de dar à luz. "dar à luz não é nada, mas a gravidez, isso sim que é um suplício."


"Se gostamos de uma pessoa, devemos gostar dela por inteiro, como é, e não como gostaríamos que fosse."


"Quando a pessoa procura a perfeição, nunca fica satisfeita."


"A energia tem por base o amor. E não se pode obter o amor à força, com uma ordem."


Beijos, um ótimo voo a todos e até a próxima!📚💘



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