Título - O Xibé
Autor - Sidclei Nagasawa
Editora - Evangraf
ISBN - 9788577277766
Páginas - 64
Local - Porto Alegre
Ano - 2015
Classificação - ⭐⭐⭐⭐⭐
Contracapa
"Saí desesperado. Entrei em sua casa com a impressão de que já vivera aquela cena. Avistei o sangue. Era amargo. Sorri."
"O Xibé" é um livro de contos brasileiros. O autor apresenta uma escrita simples, fluida e com entrelinhas ricas em reflexão. A obra é desenhada por acontecimentos do cotidiano e faz seus leitores repensarem suas atitudes na vida.
Começando pelo título. Aliás, muito intrigante para mim, pois nunca tinha ouvido falar na palavra Xibé! Depois de pesquisar encontrei alguns significados. Caso você saiba de outros, por favor, escreva nos comentários! =D
SUBSTANTIVO - alimento de raiz indígena, consumido na região amazônica; é uma mistura de água com farinha de mandioca que pode ser degustada pura ou com pirarucu e outros peixes, fritos ou assados, como também charque (jabá).
PAPA-XIBÉ OU PAPA-CHIBÉ - é uma expressão paraense tradicional para se referir ao paraense autêntico, aquele que não troca seu pirão d’água com farinha e umas boas cabeças de camarão.
No livro, Xibé é o apelido de um homem que não tinha nome, várias partes de seu corpo eram tortas e ele morava e trabalhava em um cemitério. Esse personagem aparece no último conto da obra, "O fim do Xibé". Uma história triste que mostra como a sociedade valoriza muito mais a aparência, o status e o poder aquisitivo das pessoas.
Adorei o conto "À simplicidade"! O que permanece em nossas memórias? Será que é aquele jantar cheio das frescuras, que agrada mais às lentes do Instagram do que nosso estômago, ou aquela comidinha de mãe que reúne toda a família e o tempo passa tão rápido que até deixamos de lado o celular?
"O prazer do crék", na minha opinião, o mais engraçado de todos! Um conto que fala sobre baratas e prazer. Você deve estar pensando: "como baratas e prazer podem estar na mesma história???" Hahaha... esse conto me lembrou um acontecimento. Na época eu tinha 9 anos, morava em Registro/SP (a cidade do planeta que mais tem baratas), quando resolvi que iria dar um susto na minha mãe. Me escondi embaixo da estante da sala e fiquei esperando ela passar... minha intenção era agarrar seu pé. Seria o susto do ano, mas, enquanto eu esperava deitada na escuridão, comecei a sentir umas patinhas andando pelo meu tornozelo... gelei na hora e pensei "ai não, BARAAATA"! Saí correndo, me balançando e gritando. Minha mãe veio ver o que estava acontecendo e quando eu contei toda a minha trama, ela falou "bem feito" e caiu na risada! E claro que a barata morreu, mas ela deve ter morrido de ataque cardíaco com meus gritos, porque "o prazer do crék" é que não foi! rs...
Falando em Registro, como é bom abrir um livro e me deparar com tantas lembranças da minha cidade natal. =D A feira da vila Fátima, o cemitério da rua da saudade, Juquiá, Bom Jesus de Iguape! Dá até um orgulho de ser registrense! =D
Outros contos que mais gostei foram: "Compaixão (Terminal Guadalupe)" que trata sobre a hipocrisia; "Capitão Toalha" que nos remete aos sonhos e como podem ser podados; "O salvador" que apresenta um olhar humanista dos fatos; "Espelho" que trabalha os estereótipos; "O animal do badanha" que nos faz refletir sobre a solidão; e "Alguns pés de alface" que mostra a importância de enxergar o lado positivo das coisas.
O livro é excelente e anseio por uma nova edição com novos contos! =D
Se você quiser saber mais sobre o autor e sua obra acesse o link:
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