Jacarandá - resenha
- Kelly Rossi

- 5 de out.
- 3 min de leitura

Título Original - Jacaranda
Autor - Gaël Faye
Nacionalidade - franco-ruandês
Tradução - Mirella Botaro e Raquel Camargo
Editora - 34
Ano - 2025
Gênero - Romance
ISBN - 9786555252477
Classificação - ⭐⭐⭐⭐⭐❤️
Sinopse - "Jacarandá conta a história de Milan, garoto criado em um subúrbio de Paris, filho de pai francês e mãe ruandesa. Em 1994, ano do genocídio ruandês perpetrado pelos hútus contra os tútsis, Milan se depara com as imagens desse conflito exibidas pelos jornais franceses. Tempos depois, embarca numa viagem de retorno a Ruanda, buscando entender os silêncios profundos de Venancia, sua mãe, e as origens de sua família nesse país. Lá conhece Stella, filha de Eusébie, sobrevivente dos massacres. Através do seu olhar, acessa o sofrimento de um luto coletivo ainda em curso. Conhece também o ímpeto de uma sociedade que almeja se reinventar coletivamente depois da experiência do horror extremo.
Se Jacarandá é sobre a dor e as feridas abertas do genocídio ruandês, ele é também uma ode à vida. Com escrita poética e ouvidos atentos, o autor mobiliza afetos, revisita memórias, evoca gestos mínimos que sustentam a humanidade diante da catástrofe. Ao longo da narrativa, os conflitos não são apagados, tampouco resolvidos, eles ganham forma no entrelaçamento de vozes e no esforço cotidiano de reconstruir vínculos. Como a árvore que dá título ao livro, cujas raízes atravessam gerações, o romance acolhe os mortos e afirma a força de permanecer vivo num mundo cindido, que trilha com coragem os caminhos difíceis da reconciliação."
"Sabe, o indizível não é a violência do genocídio, é a força dos sobreviventes para continuar existindo, apesar de tudo."
Jacarandá foi escrito por um autor francês de origem ruandesa que nos traz o genocídio em Ruanda e suas histórias, muitas delas desconhecidas, sobre os grupos étnicos tútsis e hútus e a guerra cruel travada entre eles.
Milan, nosso narrador, filho de um francês e uma ruandesa, vive e uma infância considerada tranquila em Paris com os pais. Sua mãe, que mora na França há muitos anos, nunca fala sobre sua família de origem. Um dia, ambos os pais confrontam Milan com um fato consumado, trazendo para casa uma criança ruandesa, com a cabeça enfaixada, apresentando-a como neto da mãe ruandesa. Uma bela amizade se inicia entre as crianças, com Milan se aproximando de Claude, ensinando-lhe francês. Mas um dia, Claude desaparece e as perguntas que Milan faz a si mesmo permanecem sem respostas.
"É possível que dessa vez a morte me aceite. Então, não passarei de uma lembrança para você. Por mais irrisório que possa parecer, esse pensamento me acalma [...]. De todo modo, não tenho mais medo de nada. A não ser, talvez, de não ser mais amado."
Alguns anos depois, sua mãe decide visitar seu país natal e leva Milan com ela. A partir daí, a verdadeira aventura começa, a descoberta de uma terra exótica, nova para o jovem Milan e cheia de surpresas, assim como o reencontro com Claude. Ele encontra seus parentes que sobreviveram ao genocídio, faz novos amigos e tenta descobrir verdades ocultas sobre a história angustiante de um país dilacerado por facções rivais, mas que na verdade pertencem ao mesmo povo.
Todas as histórias, repletas de escuridão e pesadelos, são devastadoras, mas se esforçam para trazer à luz e ao perdão os traumas daqueles que as vivenciaram. E se passam ao redor de uma árvore majestosa, um belo Jacarandá, imponente que testemunha as perdas sofridas.
"Eu iria conhecer o vazio deixado por sua ausência, o cataclismo interior da primeira ruptura amorosa. Com o tempo, meu amor por ela acabaria se dissipando, sem nunca desaparecer de fato, deixando em mim um marca, do mesmo jeito que a gente se lembra, anos depois, dos versos de um poema aprendido de cor na infância."
Jacarandá foi um favorito por aqui, é um livro cheio de delicadezas que insiste brotar no meio de toda uma reduza histórica. Eu amei os relacionamentos interpessoais cheios de verdade e ensinamentos; uma cultura devastada que usa o silêncio como arma de proteção; e o amor, o respeito e o perdão em destaque, conseguindo contornar diversas situações. Um belíssimo livro, assim como o Jacarandá.
Recomendo fortemente!
Beijos, um ótimo voo a todos e até a próxima!








Comentários